11 de maio de 2021 3rinvest

3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Abril/2021

Carta Mensal - Genus Hedge FIM

3R Genus Hedge FIM – Carta Mensal Abril/2021

Prezado Investidor,

O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu 0,35% em abril (+169% do CDI). No ano a performance acumulada é de +1,55% (+224% do CDI).

Neste mês os ativos de risco tiveram performance positiva no Brasil e no mundo, ainda impulsionados pela evolução da vacinação nos EUA, e agora com melhora na perspectiva da Europa. O preço das commodities de maneira geral também seguiu seu “caminho” rumo a um novo pico de preços, com exceção do petróleo, que subiu bem, mas ainda está distante do pico histórico. O impacto na inflação de bens duráveis já é claro.

Foi um mês muito ruim para a pandemia no Brasil, mas na segunda metade do mês os indicadores começaram a melhorar e os governos locais começaram a diminuir as restrições à mobilidade e funcionamento dos estabelecimentos comerciais. A vacinação segue ritmo lento, mas o governo federal começou a tomar medidas mais efetiva para a compra de novas doses, e devemos ter maior velocidade na segunda metade do ano.

A recuperação da atividade deve ganhar velocidade nos EUA e Europa, principalmente dos setores mais afetados pelas restrições de circulação.

Nos EUA, o governo Biden tenta avançar com um novo pacote de estímulos, desta vez focado em infraestrutura. Ainda não está claro o quanto se conseguirá efetivamente avançar com este novo plano.

De qualquer maneira, as políticas monetárias super estimulativas devem ser reduzidas/retiradas, e o risco de inflação mais alta do que o objetivo dos bancos centrais será real. Por enquanto o discurso dos BC’s continua a ser de que se trata de algo transitório, tentando justificar uma atitude mais acomodatícia, e uma retirada mais rápida dos estímulos.

Continuamos acreditando que a probabilidade de surpresas negativas do lado de inflação e restrição das políticas monetárias estimulativas é grande. E o preço dos ativos no mundo em sua grande maioria não precifica isto. Este deverá ser o grande fator a determinar a direção dos preços dos ativos ao longo do ano. A reversão destes estímulos vai provavelmente revelar os excessos cometidos agora, compra de ativos a preços e em condições irrealistas, alavancagens excessivas etc. Este tipo de ajuste tende a ser doloroso e mais profundo do que as pessoas acreditam até que acontece.

Por último, aqui a confusão institucional continua muito elevada. O Executivo focado em reeleição, Legislativo em seus próprios interesses e o Judiciário politizado e super intervencionista. A aprovação do Orçamento parece ter evitado um cenário caudal, mas está longe de ter sido positiva. A insustentabilidade da situação fiscal continua presente, e podemos ter surpresas negativas ao longo do tempo. Por outro lado, ao menos no front de concessões de infraestrutura e privatização tivemos evolução positiva, o que no longo prazo é muito bom.

Na carta passada comentamos que achamos os ativos em bolsa aqui no Brasil caros, e fomos questionados por alguns clientes investidores. Vale a pena elaborar um pouco mais.

Analisando modelos de projeção de resultados e de avaliação dos ativos em bolsa de grande parte do mercado vemos:

  • projeções de crescimento que não nos parecem realistas dada a perspectiva macroeconômica. Muitas empresas se beneficiaram de seu maior poder financeiro e capacidade de se adaptar as restrições recentes, e ganharam muito market share. Mas acreditamos que o cenário para frente será muito diferente, com baixíssimo crescimento econômico e muito mais competição;
  • perpetuação de margens que nos parecem também não realistas dado o contexto competitivo. Muitos setores estão com margens pontualmente altas por falta de insumos, o que deve ser revertido ao longo do tempo;
  • precificação do risco muito baixa, especialmente considerando o nível de incerteza política/institucional do Brasil, que se vê nas taxas de desconto utilizadas pelos analistas de mercado.

Fora isto, de maneira geral os investidores tomaram muito risco, acreditando numa taxa de juros muito baixa por muito tempo, e iludidos pelo ambiente de extrema liquidez “patrocinado” pelo FED. A tal “posição técnica” nos parece ruim, e ainda não preparada para mais surpresas negativas, principalmente para juros bem mais altos.

É sempre difícil prever a direção do mercado no curto-prazo. Como comentamos mês passado, a reabertura pode gerar algum otimismo e levar o mercado a patamares de preço ainda mais altos no curto prazo. Nós mantemos a visão estrutural mais cautelosa em função de tudo o que comentamos antes, mas vamos procurar continuar focando em oportunidades de arbitragem e estar preparados para um possível ajuste de preços mais relevante.