28 de julho de 2021 3rinvest

3R Genus Hedge FIM + 3R RE FIA – Carta 1º Semestre de 2021

Carta Mensal - Genus Hedge FIM

3R Genus Hedge FIM + 3R RE FIA – Carta 1º Semestre de 2021

Prezado Investidor,

A partir de agora, no final de cada semestre calendário faremos uma carta “conjunta” abordando a performance e posicionamento dos fundos 3R Genus Hedge (GH) e do nosso long-biased 3R RE FIA (RE). Os dois produtos seguem o mesmo racional e visão estratégica, sendo que no RE temos posições bem maiores, exposição bruta bem mais alta e horizonte de investimento mais longo, o que o torna o produto de maior risco da gestora.

O 3R Radix FIA (Radix) terá uma comunicação própria, dada a visão de mais longo prazo ainda e abordagem de long-only puro, value investing, bem mais bottom-up do que top-down, e menos “temático” que os demais produtos abertos ao mercado da gestora.

Manteremos nos demais meses a carta mensal do GH, que é o produto com benchmark CDI, menor risco e visão mais de curto prazo.

O 3R Genus Hedge FIM (GH) rendeu 0,30% em junho (+99% do CDI). No ano, a performance acumulada é de +2,38% (+187,5% do CDI). O 3R RE FIA rendeu 32,56% no semestre, comparados à 6,54% do Ibovespa.

Os ativos de risco globais tiveram desempenho positivo novamente em junho, com a continuidade da vacinação, do aumento da circulação das pessoas nos países desenvolvidos e consequente melhora nos indicadores de atividade econômica. Aqui no Brasil, o mês vinha também bem positivo, mas o anúncio de detalhes da reforma tributária teve impacto bem diferente do antecipado, pois ficou mais claro um provável aumento de carga tributária, e praticamente nenhuma simplificação/racionalização do sistema tributário.

Analisando o semestre como um todo, o começo foi bem mais difícil que o esperado pela maioria, em função da piora da pandemia no começo do ano, mas a posterior evolução da vacinação, e postura ainda bem estimulativas dos bancos centrais ao redor do mundo suportaram boa performance dos ativos de risco.

No Brasil, o semestre foi parecido, mas com um cenário político e institucional bem mais complexo e com maior risco na nossa leitura, e uma melhora tardia na atividade econômica em função da lentidão na vacinação quando comparado aos países desenvolvidos.

Os dados mais recentes mostram que a recuperação da atividade econômica deve ser bem desigual entre os diversos setores, sendo que alguns dos ganhadores na pandemia podem agora virar perdedores. De maneira geral achamos o consenso do mercado muito otimista, tanto com a velocidade de aceleração da economia, quanto de seu impacto sobre o lucro das empresas. Passado o impacto inicial da crise, num contexto de juros baixíssimos e liquidez abundante, o mercado de capitais está financiando com volumes impressionantes empresas e empreendedores, muitos praticamente sem histórico focados em produtos/serviços muito parecidos. Nos parece bem claro uma péssima alocação de capital, que vai destruir muita riqueza para frente e gerar competição predatória em vários negócios. O segmento de serviços financeiros (bancos digitais/acquires etc.), e-commerce e prestadores de serviço para varejo online são alguns destes.

Além disto, em algum momento no segundo semestre o mercado deverá sentir os efeitos da provável redução dos estímulos monetários e de liquidez implementados, e isto deve afetar a precificação dos ativos de risco.

A pandemia em si vai ficando para trás, o trabalho agora é ver como as economias se recuperam, quando e como os estímulos serão revertidos, e o que o preço dos ativos hoje estão antecipando.

Como temos ressaltado, o contexto no Brasil é especialmente desafiador, dada a condição que a economia estava antes da pandemia (ainda tentando ganhar consistência na recuperação pós-recessão 2015/2016), a liderança política atual (muito conflituosa, com forte viés ideológico e já com foco na reeleição), a piora institucional significativa (qualidade do legislativo e um judiciário legislador, político e intervencionista), e por termos uma eleição daqui a pouco mais de um ano.

 Reforçamos nossa visão de que a grande maioria dos ativos listados em bolsa estão muito caros, antecipando expectativas de crescimento irrealistas e não precificando adequadamente os riscos. Se analisada por múltiplo de preço/lucro agregado, o Ibovespa pode até não parecer caro, mas claramente isto ocorre por causa dos lucros excepcionalmente altos de produtores de commodities, que são cíclicos e acreditamos que em vários casos já estão bem perto do topo. As revisões positivas de lucro também estão muito concentradas nestes setores. No resto da bolsa vemos crescente competição e lucros projetados que não parecem factíveis.

Mas existem sim ativos que nos parecem oferecer bom risco/retorno, em quantidade bem menor, e boa parte deles mais “fora de moda”. São nestes ativos que temos focado na ponta long dos produtos discutidos nesta carta, e no nosso produto long-only. Conseguimos gerar ótimo alpha nesta parte da estratégia no 1S21 e acreditamos que vamos conseguir ter resultados positivos para frente, mesmo se o mercado tiver desempenho negativo.

Em ambos os produtos (GH e RE) continuamos focando em oportunidades de arbitragem relativa tanto intra quanto inter setorial, que são muitas, e estar preparados para um possível ajuste de preços mais relevante.